Os benefícios de consumir dente-de-leão estão comprovados cientificamente.
Dente-de-leão, radite-bravo, chicória-silvestre, chicória-louca, salada-de-toupeira e a lista de nomes continua! Folhosa silvestre nutritiva, de porte baixo, foi alimento importante durante a Idade Média. Depois, foi sendo gradualmente substituída por outras hortaliças, sendo hoje pouco usada como alimento, possivelmente pelo seu paladar amargo. Em algumas situações é considerada como infestante de lavouras e pastagens e pode também ser considerada como planta indicadora de solo fértil.
Esta planta de flores amarelas, sementes voadoras (a parte do pompom) e folhas verdes em formato de serra, chamada cientificamente deTaraxacum officinale, é de origem europeia. E um vegetal muito comum que nasce por aí espontaneamente sem trabalho nenhum. O dente-de-leão adapta-se a vários tipos de solo — e pode ser consumido como sendo um alimento — e é possível encontrá-lo até nas fundas do alcatrão das estradas, mas cresce melhor em relvados saudáveis.
O dente-de-leão é perene, o que significa que as suas folhas não caem e ele tem um ciclo de vida longo. Necessita de sol e a sua altura varia de 5 cm a 30 cm. Além disso, a lista de benefícios do dente-de-leão para a saúde descobertos pelas medicinas tradicionais chinesa, árabe e nativo-americana (e comprovados pela ciência) é grande. Alguns desses benefícios podem ser aproveitados também no seu consumo direto, pois o dente-de-leão é comestível, sendo reconhecido como planta alimentar não convencional.
Estudos científicos sobre as propriedades do dente-de-leão
De acordo com um estudo publicado pelo Journal of Oncology, apesar de o extrato das flores e das raízes não apresentarem nenhum efeito sobre células cancerosas da mama e da próstata, o extrato da folha do dente-de-leão, em contrapartida, reduziu o número de células cancerosas desses órgãos. Outro estudo, publicado pela revista académica Elsevier, demonstrou que as folhas de dente-de-leão têm propriedades que protegem o fígado contra danos causados pelo álcool. Além disso, o extrato das suas folhas apresenta efeitos anti-inflamatórios. Outras propriedades benéficas podem ser obtidas a partir do extrato da flor do dente-de-leão, que é rica em antioxidantes e anti tumorais, segundo a publicação do Journal of Agricultural and Food Chemistry.
O consumo das folhas de dente-de-leão ainda traz efeitos antirreumáticos, diuréticos e melhora a produção da bile. E não para por aí: de acordo com o International Journal of Molecular Science, a raiz e as folhas do dente-de-leão têm potencial para controlar os níveis de colesterol, podendo prevenir aterosclerose (formação de placas de gordura na parede das artérias), que pode levar ao infarte do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais.
O Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRM-SP) reconhece o dente-de-leão como uma planta medicinal para o tratamento de distúrbios digestivos, que pode ser usado como estimulante do apetite e diurético. A recomendação é fazer a infusão de três a quatro colheres de chá do dente-de-leão (inteiro) numa chávena de chá de água fervente, esperar arrefecer e tomar três chávenas ao longo do dia.
Efeitos Secundários
O dente-de-leão também possui contraindicações, não podendo ser utilizado por crianças menores de dois anos e pessoas que possuam obstrução dos dutos biliares e do trato intestinal, gastrite, úlcera gastroduodenal e cálculos biliares. O consumo de dente-de-leão também pode causar efeitos secundários como hiperacidez gástrica e queda de pressão.
Como reconhecer o dente-de-leão
É muito fácil confundir o dente-de-leão com outras ervas, a serralha, cientificamente conhecida como Sonchus oleraceus, pois ela também possui flores amarelas e sementes voadoras em formato de pompom. Duas características que as diferenciam e tornam mais fácil o reconhecimento estão nas folhas e nas flores. As folhas da serralha são mais achatadas e podem surgir vários botões de flores de uma mesma haste, diferente do dente-de-leão, em que as folhas são mais longas, com mais aspeto de dente de leão (literalmente), e só brota uma flor por haste. Nas imagens que se segue é possível perceber essa diferença:
Para quem não tem olhos muito acostumados, não é fácil distinguir as diferenças entre as duas, no caso de apenas se querer fazer uma salada, não é uma questão com que se deve preocupar, pois ambas as plantas são comestíveis! O maior cuidado a ter é procurar em terrenos que não tenham histórico de contaminação por esgotos, metais pesados ou proximidade com cemitérios (entre outras formas de poluição).
Dente-de-leão como alimento
Além de ser usado como remédio, já sabe: o dente-de-leão também é comestível! Sendo reconhecido pela FAO (importante instituição das Nações Unidas que trata de questões alimentares) como fonte alimentar. Um estudo publicado pela Plant Foods Hum Nutr mostrou que cada 100 gramas (g) de dente-de-leão possui 15,48 g de proteína e 47,8 g de fibras, quantidades significativas para ser considerado como fonte alimentar, segundo o este estudo. A mesma pesquisa indica que o dente-de-leão é uma fonte de potássio e ajuda no emagrecimento, por ajudar na formação do bolo fecal.
Sendo, o dente-de-leão, totalmente comestível – raízes, caules, folhas e flores. Esta lembra muito o sabor de hortaliças amargas, como a catalônia. E, para quem gosta de sentir de sentir o gosto amargo, é possível prepará-lo como salada, sumo verde e chá. A sua raiz assada pode mesmo substituir o café. Mas quem não gosta do sabor amargo e ainda assim quer aproveitar os benefícios do dente-de-leão pode refogá-lo em azeite e alho para suavizar o sabor. Outra possibilidade é fazer uma farofa de dente-de-leão, como na receita em baixo:
Ingredientes
- 2 xícaras de folhas de dente-de-leão lavadas e picadas;
- 4 xícaras de farinha de mandioca;
- 4 colheres de sopa de azeite (ou a gosto);
- 1 cebola picada;
- Sal a gosto (sugestão de meia colher de sopa rasa);
- Guardar as flores lavadas e mantê-las cruas para decorar o prato (opcional).
Modo de preparação
Despeje as quatro colheres de sopa de azeite numa panela e leve ao lume com a cebola picada. Antes da cebola começar a dourar totalmente, acrescente o dente-de-leão e, após refogá-lo, com a cebola já dourada, acrescente a farinha de mandioca e o sal. Mexa todos os ingredientes até dourar a farinha levemente e, pronto, já pode servir. Também pode usar as flores cruas (lavadas) para decorar o prato, estas também são comestíveis.
Consumo de dente-de-leão e o meio ambiente
O consumo não só do dente-de-leão, mas de todas as plantas alimentares não convencionais, deve ser utilizado e incentivado como forma de diminuir os impactos no meio ambiente. Isto porque, ao consumirmos espécies não convencionais e principalmente aquelas que nascem espontaneamente, diminuímos a pressão ambiental causada pela aplicação de produtos tóxicos, práticas de monocultura e pelo transporte dos mesmos.
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